Conseguimos identificar as primeiras características de uma criança que se encontra dentro do TEA nos primeiros meses de vida. Os bebês com autismo apresentam grande déficit no comportamento social, tendem a evitar contato visual e se mostram pouco interessados na voz humana. Eles não assumem uma postura antecipatória; por exemplo, colocando seus braços à frente para serem levantados pelos pais.
Outra característica observada em alguns bebês e crianças pequenas com autismo é o início normal de seu desenvolvimento, mas de repente esse processo pode ser interrompido e a criança começa a regredir em seu desenvolvimento social. Por exemplo: a criança com dois anos de idade que para de falar, de mandar tchau e de brincar funcionalmente
Neste período podemos observar que algumas ações podem se limitar a atos repetitivos e estereotipados, como cheirar e lamber objetos, rodar e empilhar brinquedos ou objetos, organizar por padrões, como por exemplos, cores, tamanhos e formatos ou movimentos repetitivos com a boca. Pode ocorrer fascinação por luzes, sons e movimentos que o despertem para um interesse muito grande impedindo o desenvolvimento e restringindo itens de seu preferência. A textura, o cheiro, o gosto, a forma ou a cor de um objeto também pode desencadear um interesse específico na criança com autismo.
Essa criança pode se sentir incomodado por pequenas mudanças em sua rotina diária, o que pode resultar em violentos ataques de raiva, mais conhecidos como birras. Também é observado que quase a totalidade de crianças autistas resiste em aprender ou praticar uma nova atividade, sendo essa uma grande dificuldade para a adesão da criança em um programa de tratamento.
Como trabalhar?
A Análise Comportamental Aplicada (Applied Behavior Analysis – ABA) é um termo do Behaviorismo Radical desenvolvido por B. F. Skinner., é uma abordagem da psicologia cientificamente comprovada como a mais eficiente para pacientes com desenvolvimento atípico.
A princípio, ela observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem.
Com mais de 30 anos de pesquisa contínua, a intervenção ABA tem como característica principal, estratégias altamente individualizadas. Ou seja, não existe
um conjunto de regras ou aplicações específicas. Com o ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias, a criança irá adquirir independência e melhorar sua qualidade de vida.
Para início da intervenção é necessário:
- Identificar quais os comportamentos deficitários, ou seja, dificuldades, atrasos e até inabilidades apresentadas na criança que prejudicam seu desenvolvimento social e sua aprendizagem.
- Analisar os comportamentos repetitivos, como agressividade, estereotipias, birras, entre outros que também dificultam o convívio social e aprendizagem desta criança.
- Programação individual para minimização dos comportamentos em repetitivos e inadequados e maximização dos comportamentos deficitários.
- Elaboração de programas individualizados envolvendo as áreas: acadêmica, social, verbal, pedagógica e atividades de vida diária.
Os objetivos da intervenção são:
- Eliminar os comportamentos inapropriados.
- Conquistar autonomia pessoal.
- Proporcionar qualidade de vida.
- Desenvolver habilidades para participar plenamente na sociedade.
O tratamento utilizado com abordagem ABA para ser eficaz depende de um número de horas elevado para que o processo de aprendizagem seja obtido com êxito permitindo o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo de maneira intensiva e eficaz, diferentemente dos demais tratamentos que não focam o tratamento no ensino de aprendizagem.
Ariane Trintin
Psicóloga
CRP-06/105187
Laís Melo
Fonoaudióloga
CRFa 2-18657